Mormo Equino
Doença causada pela bactéria Burkholderia Mallei doença contagiosa, e que acomete equídeos (cavalos, asininos
e muares). Pode acometer o homem.
Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) o
período de incubação varia alguns dias a seis meses.
Sintomas e transmissão
Manifesta-se
por um corrimento viscoso nas narinas e a presença de nódulos subcutâneos, nas
mucosas nasais, nos pulmões, gânglios linfáticos, pneumonia, etc. Os animais
contraem o mormo pelo contato com material infectante do doente: pús; secreção
nasal; urina ou fezes
Manifestação Clinica
Pode ocorrer de três formas:
Nasal: febre alta, tosse e descarga nasal com úlceras nas narinas; pode ocorrer úlceras e
nódulos em membros e abdome.
Pulmonar: Pode causar pneumonia cronica com ulceras na pele dos membros e mucosa nasal.
Cutâneas: Forma nódulo na pele e ulceras na região interna dos membros com presença ou sem secreção amarelada escura.
Patogenia
As bactérias atravessam a mucosa da faringe e do intestino, alcançam a via linfática e em seguida a corrente sanguínea, alojando-se nos capilares linfáticos dos pulmões, onde formam focos inflamatórios. Além dos pulmões, a pele,a mucosa nasal é menos frequentemente, outros órgãos podem estar comprometidos
Diagnostico
O diagnostico do mormo consiste na associação dos aspectos clínicos epidemiológicos, anotamo-histopatológicos, isolamento bacteriano, inoculação em animais de laboratório, reação imunoalérgica (maleinização) e testes sorológicos.
o diagnostico clinico e bacteriológico do mormo é difícil nos estágios iniciais da doença e nos casos subclínicos. aproximadamente 90% das infecções ocorrem de forma assintomática ou latente geralmente a maleína e os testes sorológicos, incluindo fixação de complemento (FC), teste de hemaglutinação indireta (IHAT), imunoeletroforese (CIET) teste indireta do anticorpo fluorescente (IFAT e Elisa) são muito utilizados no diagnostico de mormo.
Prevenção
A prevenção e controle do mormo dependem de um programa para
uma rápida detecção e eliminação dos animais positivos, com o enterro ou
incineração da carcaça, em conjunto com a restrição da movimentação animal,
limpeza e desinfecção das instalações, equipamentos e utensílios e a eliminação
de materiais contaminados, como cama, alimentos, feno, entre outros, que devem
ser queimados ou enterrados.
O homem infecta-se pelo contato com animais doentes e
fômites contaminados. A transmissão ocorre por meio de pequenas feridas e
abrasões na pele, podendo também ocorrer por ingestão ou inalação. Os sinais
clínicos observados no homem são: febre, pústulas cutâneas, edema de septo
nasal, pneumonia e abscesso em diversas partes do corpo. A mortalidade em casos
agudos da doença em humanos, quando não tratados, é de 95%, e pode ocorrer em
três semanas. No entanto, se instituído no início da infecção, um tratamento
agressivo com antibióticos sistêmicos, as chances de cura são maiores. A forma
crônica com a formação de abscessos também pode ocorrer.
Histórico em São Paulo
No estado de São Paulo, a última notificação de ocorrência
de mormo data da década de 1960. Em 2008, foi diagnosticado um equino positivo
na zona urbana do município de Santo André-SP, em animal provavelmente vindo do
estado de Pernambuco. Na ocasião, a Defesa Agropecuária, sacrificou o animal,
como preconiza a legislação sanitária e colheu amostras para diagnóstico de
Fixação de Complemento (FC) de mais 135 animais que estavam no perifoco. Nenhum
suspeito foi encontrado. A legislação sanitária estadual passou então a exigir
o exame negativo de mormo, para o trânsito de equídeos em todo o estado, o que
perdurou por aproximadamente, seis meses. Mais de 50.000 animais foram
submetidos ao diagnóstico, não sendo detectado nenhum outro positivo.
No dia 10 de abril de 2013 a doença reapareceu em um equino,
em um centro de treinamento, no município de Araçariguama-SP. Este animal teve,
como no caso de Santo André-SP, ligação com animais vindos de Pernambuco.
Entretanto, o animal positivo não teve origem naquele estado. É que na
propriedade estiveram, por cerca de cinco meses, dois animais provenientes de
lá. Durante o rastreamento epidemiológico, verificou-se que os dois animais
foram enviados para uma propriedade em Jundiaí-SP, onde também estão sendo
aplicadas as medidas sanitárias preconizadas.
A partir desse episódio, a legislação foi
alterada e passou-se a exigir novamente o exame negativo para o mormo para
trânsito de equídeos no estado. Com a realização destes exames apareceram casos
suspeitos nos municípios de Cruzália, Itapetininga e Avaré (onde era realizado
um evento da raça quarto de milha, com mais de 1500 equinos concentrados). Em
nenhum dos casos suspeitos foi comprovada a doença, após os exames confirmatórios.
Todos os locais foram interditados para a movimentação de equídeos, pois a
legislação previa que os animais deveriam ser submetidos a duas provas
confirmatórias (prova da maleína), com intervalo de 45 dias. Sendo ambas
negativas, o animal seria considerado livre da doença
Episódio em Avaré-SP
Com a alteração da legislação, todos os animais concentrados
no evento da raça quarto de milha em Avaré foram submetidos ao exame de fixação
de complemento (triagem), pois para serem transportados às suas origens,
deveriam apresentar resultados negativos para o mormo. Foram encontrados dois
animais positivos na FC, portanto, suspeitos para o mormo. Os dois animais
foram imediatamente submetidos à primeira prova confirmatória da maleína e
apresentaram resultados negativos. O recinto continuou interditado, pois a
legislação vigente preconizava duas provas (maleína) intervaladas de 45 dias.
Em 30 de abril de 2013, o Ministério de Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA), publicou a Instrução Normativa (IN) nº 14, que
alterou a anterior de 2004 e passou a não mais exigir as duas provas
confirmatórias da maleína, em animais que apresentassem reação positiva na
prova de FC para o mormo. Ficou estabelecido que uma única prova de maleína,
com resultado negativo, é suficiente para ter um resultado negativo conclusivo.
Considerando esta alteração na legislação federal, o estado de São Paulo, por
sua Coordenadoria de Defesa Agropecuária, da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento, acatou a decisão e liberou os mais de 1500 animais que se
encontravam concentrados no recinto de Exposições de Avaré-SP.
Para isso, a Secretaria, publicou no dia 1º de maio de 2013,
a Resolução SAA- nº 31, de 30 de abril de 2013, alterando a anterior (nº 19, de
16 de abril de 2013), adequando a legislação estadual à federal, desobrigando,
portanto, a realização de duas provas de maleinização. Assim sendo, a partir do
dia 1º de maio de 2013, os animais que se encontravam retidos no Parque de
Exposições Fernando Cruz Pimentel começaram a ser liberados, sob rigorosa
inspeção e conferência de todos os documentos sanitários realizadas por médicos
veterinários e técnicos de apoio do serviço oficial de defesa.
A Coordenadoria de Defesa Agropecuária, preocupada com a
sanidade do rebanho equídeo paulista e a saúde pública (o mormo constitui-se em
enfermidade grave quando infecta os humanos), baixará portaria nos próximos
dias, disciplinando as próximas medidas de prevenção. Deverão ser constituídas
por um rigoroso monitoramento, incluindo vistorias e inspeções em todos os
animais de propriedades em que ingressarem animais provenientes de locais onde
surgiram e/ou surgirem animais suspeitos ou positivos conclusivos. Este
procedimento está previsto para iniciar-se a partir de meados do mês de maio de
2013, com frequência quinzenal e perdurar por, no mínimo, 90 dias.